
COE: o que é e como funciona
COE. Três letrinhas que podem causar arrepios a muitos investidores. Regulamentado em 2014, é um dos produtos de investimento em operação mais recentes do mercado. Por ser um pouco mais difícil de ser encontrado e ter essa fama “impossível de entender”, o COE ainda não tem muita força. Mas acreditamos que ainda poderá crescer bastante no mercado de investimentos brasileiro e temos recebido muitas dúvidas de usuários a esse respeito no buscador de investimentos do Yubb.
Ele tem essa fama porque é um produto híbrido. Ou seja, não é nem renda fixa e nem renda variável. “Ah, então é um fundo?” Também não! O COE possui características muito específicas que fazem com que ele seja um misto de renda fixa e variável. E é isso que traz tanto estranhamento aos investidores.
Por essa razão, estamos aqui hoje no blog da Vérios: para desmistificar esse produto. O COE não é tão complexo quanto parece. Na verdade, em linhas gerais, é um conceito bem simples. Qual é esse conceito? É o que vamos te mostrar agora.
O que é o COE?
COE é a sigla de Certificado de Operações Estruturadas. Operação estruturada, de forma bastante simplificada, significa que o produto está “envelopado”, isto é, o COE é um envelope dentro do qual são encontrados outros ativos.
Ainda está confuso(a), né? Vamos lá: você quer investir em um COE do banco X. Na hora de escolher entre os COEs disponíveis, precisa descobrir para onde vai o seu dinheiro em cada um dos casos. Ou seja: o COE é um envelope ou uma “casca” que contém ativos dentro dele. Você compra o COE, mas seu dinheiro vai para todos esses ativos que formam o COE.
O COE A, por exemplo, é composto por uma parte remunerada em percentual da Selic (renda fixa pós-fixada) e por ações na bolsa de valores (renda variável). O COE B é composto por uma parte remunerada em percentual do CDI (renda fixa pós-fixada) e por prefixados (também renda fixa). Já o COE C é composto por investimentos na S&P 500 (índice da bolsa de valores dos EUA).
Cada COE pode ser desmembrado nos ativos em que ele investirá seu dinheiro. E, é claro, a rentabilidade depende disso: na parte de renda fixa, você vai ganhar X% ao ano e, na parte de renda variável, poderá ter um rendimento de Y%. Por isso, é necessário um pouquinho de conta para saber quanto você vai ganhar no final (lembrando que sempre é uma previsão ou expectativa, nunca garantia ou promessa de rentabilidade).
O COE foi desenvolvido pela Cetip — que hoje é B3 — em parceria com alguns emissores (bancos). A regulamentação foi criada em 2014, mas as primeiras emissões só foram feitas em 2015. Dá para perceber que é um produto bastante novo no mercado brasileiro e que ainda não foi muito difundido. Várias corretoras e bancos intensificaram a venda de COEs no ano de 2017 e muitas têm apostado neste crescimento também em 2018.
Características dos COEs
Emissão
Esse produto só pode ser emitido por bancos e, por ser recente, não são todos os bancos que o oferecem. Uma vez emitido por um banco, o COE pode ser distribuído por corretoras e distribuidoras.
Registro
Ao investir em um COE, a aplicação fica registrada em seu nome na B3 (antiga Cetip), o que traz mais segurança.
Investimento mínimo
Normalmente, os valores mínimos de investimento em COE são a partir de R$ 1.500,00, dependendo do que a instituição oferecer.
Custos
Garantia
É importante também dizer que ele não é garantido pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC).
Retorno
Existem COEs com a opção de juros semestrais, ou seja, de seis em seis meses você recebe o rendimento do período. Há outros que possuem a característica de pagamento só no vencimento. Depende de qual você escolher!
Tributação
Independentemente do ativo que está embaixo da “casca” do COE, a tributação de Imposto de Renda é única. Você paga uma taxa que é definida pela tabela regressiva do IR para a renda fixa. Isso é bem positivo, já que você pode ter seu dinheiro investido em vários tipos de investimentos e só paga uma única tributação de Imposto de Renda. Confira o percentual de imposto descontado do rendimento:
- 22,5%: investimentos com prazo de até 180 dias;
- 20%: investimentos com prazo de 181 dias até 360 dias;
- 17,5%: investimentos com prazo de 361 dias até 720 dias;
- 15%: investimentos com prazo de acima de 720 dias.
Tipos de COE
Apesar de a maior característica desse produto ser o fato de ele ser híbrido (ou seja, poder ter renda fixa e renda variável), existe também a importante característica da proteção do valor investido. A esse respeito, o COE pode ser classificado em dois tipos:
COE de capital garantido
Você nunca perde o valor inicial investido. Se você aplicar R$ 3.000,00 em um COE, você nunca perderá esse dinheiro. Pode até ser que você não tenha rentabilidade nenhuma até o prazo de vencimento, mas ninguém mexe nos seus R$ 3.000,00!
COE de capital de risco
Você pode perder todo o seu valor investido, mas não perde mais do que isso. Se você colocar R$ 3.000,00 em um COE, existe o risco de perder tudo e ficar com R$ 0,00, mas não há o cenário de você ficar no negativo (o que pode acontecer em alguns investimentos de renda variável mais arriscados, com em fundos de investimento alavancados).
Ou seja, em ambos os casos, há uma certa segurança e pode ser uma boa opção para alguns investidores que querem arriscar em alguns ativos sem correr o risco de perder todo o dinheiro investido (ou mais do que o investido).
Como funciona o COE?
Esse produto é emitido por alguns bancos e você pode investir nele pelo próprio banco ou por corretoras. Todo COE possui um Documento de Informações Essenciais (DIE), no qual é possível analisar todas as características daquele investimento.
“Mas ele é montado do nada?”. Não! O COE é estruturado com base em diversos fatores do mercado e é “montado” para um perfil de investidor.
Em todo DIE, consta o suitability do produto, ou seja, para qual perfil de risco este COE é adequado. O COE do banco Y, por exemplo, foi criado para um investidor que busca proteção para uma eventual mudança na expectativa da queda dos juros, mas também busca rentabilidade caso essa expectativa não se confirme.
Na prática, por ele ser um “envelope” de ativos, logo no início você já precisa saber em quais ativos seu dinheiro será investido — qual é a parte de renda fixa e qual é a parte de renda variável — e se aquela aplicação faz sentido para o seu perfil investidor e para o momento da sua vida financeira. Por isso, é muito importante ler o DIE, entender se determinado COE é adequado para o seu perfil de risco e se informar sobre as características do investimento antes de resolver realizá-lo.
Vantagens e desvantagens do COE
Vantagens |
Sensação de segurança: você pode investir em um COE com a segurança de deixar o seu investimento inicial intocável. Para quem tem medo de perder dinheiro, é uma ótima opção |
Opção em renda variável: existem investidores que não são tão conservadores, mas também não são arriscados a ponto de aplicar em renda variável. Essa é uma outra vantagem do COE. Você pode investir em ativos internacionais, ações, moedas, ETFs, índices, commodities e outros com menos risco |
Internacionalização: lembra o exemplo lá de cima da bolsa de valores dos EUA? Isso realmente é possível! Você pode investir em ativos internacionais com a comodidade de não precisar abrir uma conta no exterior, além de poder fazer todas as transações em reais |
Tributação: seu dinheiro, que está em um COE, na verdade está em todos os ativos que estão dentro desse produto, certo? Mas você não precisa pagar a tributação de cada um desses ativos. Com uma única tributação de imposto de renda, você já resolve o pagamento dos impostos |
Desvantagens |
Sem garantias: por mais que o emissor garanta que o seu investimento inicial não vai sumir (no caso de COE de capital garantido), não existe nenhuma garantia de que você terá seu dinheiro de volta em algumas situações específicas — por exemplo, se o emissor dos ativos de renda fixa contidos no COE decretar falência. O COE não é garantido pelo FGC |
Baixa liquidez: na maioria dos casos, você só consegue retirar o seu investimento no prazo de vencimento e o seu dinheiro fica “preso” durante todo o processo. Isso pode garantir uma rentabilidade mais alta. Mas, para alguns investidores, pode ser sinônimo de insegurança |
Rendimento máximo: todo Documento de Informações Essenciais (DIE) do COE possui um número de “alavancagem” ou “barreira de baixa”. Esse valor representa o máximo que você pode receber daquele investimento. Isso significa que, mesmo se o ativo render mais, você possui um teto, um valor máximo onde pode chegar. No caso de ativos internacionais, é por esse motivo que muitas pessoas preferem investir diretamente em empresas estrangeiras do que comprar um COE: o risco pode ser maior, mas não possui nenhuma barreira na rentabilidade |
Como você viu, dependendo do seu perfil e objetivos ao investir, o COE pode parecer um produto atrativo. Mas, assim como todas as coisas no mundo dos investimentos, é importante conhecer o comportamento do investimento. Especialmente no caso do COE, por ser tratar de um produto mais complexo, tenha muita atenção e estude sobre o assunto.
O COE é adequado para o seu perfil? As taxas cobradas pela sua corretora são boas? Você já separou a sua reserva de emergência antes de investir? Você precisa responder essas e outras perguntas antes de sair aplicando o dinheiro.
Ultima atualização: 18 de janeiro de 2019
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