Você trabalha duro para construir seu patrimônio. Mas, na hora de decidir como investir, muitas dúvidas aparecem. Afinal, você não é um especialista em investimentos – e nem deveria ser. Se você souber como evitar entrar em furadas, já estará bem à frente da maioria das pessoas.
Estudando o processo de tomada de decisões de investimento e experiências anteriores de nossos clientes, identificamos seis comportamentos financeiros que podem lhe causar prejuízos e retardar seu plano de ter um futuro mais tranquilo.
Será que você pratica algum desses comportamentos? Clique em cada item a seguir e saiba o que não fazer na hora de tomar suas decisões de investimento.
Se tem alguém que faz conta bem neste mundo, são os banqueiros! Áreas internas dos bancos concorrem entre si: quem capta dinheiro para viabilizar empréstimos concorre com o setor de investimentos. Se seu gerente lhe oferecer uma boa rentabilidade com baixo custo, ele provavelmente estará prejudicando uma outra equipe. Ou seja, o interesse do cliente fica em segundo plano. Por isso, os produtos chegam a você com custos elevados, para equilibrar as relações internas da instituição financeira.
Em investimentos, cada real a mais que você paga em taxas é um real a menos para você. Se você pensar que construir um patrimônio é um trabalho de longo prazo, ter 1% ou 2% a menos de custos ao ano exerce um impacto impressionante após 30 anos, por exemplo. A boa notícia é que as taxas que você paga, ao contrário do humor do mercado, são um fator que você pode controlar.
Você já saiu do banco? Ótimo. Então veja se não está errando no comportamento do item 2.
2. Buscar o investimento que mais rendeu no último ano
Você costuma buscar os rankings em sites, revistas e jornais para escolher os investimentos que mais renderam nos últimos seis, 12 ou 24 meses? É quase irresistível fazer isso. Muitas vezes, é o “empurrãozinho” que você precisa para decidir onde investir, não é mesmo?
Podem ser fundos de investimento, ações, ouro ou dólar: a expectativa é surfar naquela onda e tentar alcançar o mesmo retorno. No entanto, nada garante que os mesmo fatores que proporcionaram aquela rentabilidade excepcional no passado se repetirão.
Este é um dos erros mais comuns cometidos por milhões de pessoas no mundo todo. Muitas vezes, quando elas embarcam na onda, já chegam atrasadas. Veja este exemplo de um fundo:
Fundo Itaú Renda Fixa Index Inflação FIC: buscar os investimentos que mais renderam no passado é um comportamento a ser evitado
Em 2011, ele teve uma rentabilidade ótima, mas com pouco dinheiro. Com a rentabilidade subindo, o fundo se destacou e despertou interesse. A força de vendas do banco entrou em campo. Muitas pessoas aplicaram e o patrimônio do fundo cresceu rapidamente, atingindo mais de 8 bilhões de reais, pertencentes a mais de 63 mil cotistas. Daí para frente, você já conhece a história. Uma queixa comum é: “Puxa, foi só eu entrar no fundo e ele começou a cair”.
Isso acontece porque o futuro dos mercados é incerto. O investimento mais rentável de 2014 pode ser estar entre os piores de 2015, e o melhor de 2015 pode ser também o melhor de 2016. É impossível descobrir com antecedência. Mas o mercado financeiro sabe como tirar bom proveito deste comportamento, mostrando para você gráficos impressionantes de rentabilidade passada.
Se você procura construir um patrimônio sólido, evite o hábito de consultar rankings. Concentre-se na diversificação da sua carteira no longo prazo e encare retornos passados extraordinários sem nenhuma expectativa de que eles se repetirão.
Você gosta de apostas e cassinos? Se sim, é possível que tenha o comportamento do item 3. Cuidado!
3. Tentar acertar o movimento do mercado
Provavelmente você já foi encorajado a abrir uma conta na corretora e operar no home broker. Sempre vemos algumas histórias de sucesso, com um personagem que começou com pouco dinheiro e ganhou fortunas na bolsa, para lhe servir de inspiração. Desconfie destas histórias. Elas até podem ser verdadeiras, mas são a exceção, e não a regra.
Lembre-se: quanto mais movimentações você fizer, mais você estará pagando (taxas de corretagem) e menos vai sobrar em sua conta. É interesse do mercado propagar este “sonho”, estimulando você a tentar ser o próximo milionário da noite para o dia.
Milhares de pessoas passam dias ou semanas inteiras em cursos e palestras, tentando encontrar um padrão e adivinhar o comportamento dos mercados. É quase um exercício de futurologia.
Para os gestores profissionais, com toda sua bagagem de estudo, experiência profissional e dedicação em horário integral, essa já é uma tarefa difícil. Agora imagine se você tiver que conciliar seu trabalho e outras atividades da sua rotina com a tentativa de determinar o movimento dos mercados? Isso não vai acabar bem, pelo menos não para você.
Moedas, selos, canecas… o que mais você acha que as pessoas colecionam? Vamos para o próximo comportamento que você precisa abandonar.
4. Ser um “colecionador de fundos”
“Colecionar” fundos de investimento é um comportamento de quem trata cada nova aplicação como uma nova decisão de investimento. Ele pode levar a pessoa a consultar os rankings (veja o item 2) e tomar a decisão de forma fracionada, sem avaliar a composição da sua carteira como um todo.
Além dos prejuízos e frustrações que investir com base na rentabilidade passada pode causar, o investidor pode desbalancear sua carteira de investimentos, concentrar em uma única estratégia ou ter estratégias opostas, que geram custos, sem benefícios realmente relevantes.
Diversificar é uma regra de ouro para uma carteira de investimentos bem montada. Mas a diversificação precisa ser bem feita.
Em nossa experiência com assessoria em fundos de investimentos, avaliamos centenas de carteiras de clientes. A maior parte delas, mesmo composta por poucos fundos, falhava por possuir posições sobrepostas (três gestores comprados em ações do banco Itaú, por exemplo).
Mas já vimos pessoas com mais de 50 fundos na carteira. Além de posições sobrepostas, poderiam ter estratégias que se anulavam (um gestor comprado e outro vendido nas ações da Gerdau, por exemplo).
Não parece ser a melhor forma de cuidar do seu dinheiro, parece? As informações sobre onde os fundos investem muitas vezes não estão disponíveis, o que dificulta a análise. Sem contar a trabalheira que dá ser um “colecionador de fundos”.
Você sabia que o efeito manada também existe nos investimentos? E ele pode prejudicar você. Veja o item 5.
5. Apostar nos investimentos da moda
Os investimentos da moda são aqueles que seu colega de trabalho comenta, que o seu gerente ou assessor liga para oferecer, ou aquele que surge como “excelente opção” em um almoço de família. São as novas febres do mercado, para onde os recursos das pessoas físicas são direcionados em massa.
Sempre desconfie desse tipo de investimento. As forças comerciais da indústria financeira vão sempre lhe atrair para investir nos produtos que pagam melhores comissões a gerentes e assessores. Em geral, estas modas estão carregadas de incentivos conflitantes. Foi assim, por exemplo, com os fundos imobiliários, entre 2011 e 2012, e com os fundos de inflação, entre 2012 e 2013.
Ao decidir aplicar em um investimento da moda, é bem provável que você chegue no fim da festa. Muitos já ganharam dinheiro e você, que chegou depois, não está participando. Resista à tentação e tenha a certeza de estar se protegendo contra possíveis prejuízos.
Nós costumamos nos sentir mais seguros seguindo o comportamento de um grupo, é verdade. Entretanto, em investimentos, o efeito manada é um mal sinal. O mais seguro é seguir seu plano e evitar os modismos e assédios do mercado.
Você fica angustiado com as notícias na imprensa e os rumores de mercado? Então pode estar errando com o comportamento do item 6.
6. Falhar ao rebalancear sua carteira de investimentos
Se suas decisões de investimentos encaixam-se nos comportamentos dos itens 2, 3, 4 ou 5, é bem provável que momentos de estresse do mercado e ruídos na imprensa lhe tragam insegurança.
Isso pode levá-lo a tomar decisões emocionais, como vender as posições que tem sem saber o porquê ou simplesmente não fazer nada, abandonando sua carteira e pensando que “é melhor nem ver”. Ambas as decisões são ruins, pois você pode prejudicar seriamente sua estratégia de longo prazo, por ação ou omissão.
Estruturar uma carteira de investimentos diversificada não é tarefa das mais simples para se fazer por conta própria. É preciso definir que percentual do seu patrimônio será investido em cada tipo de ativo. E cada novo resgate ou aplicação deve respeitar a proporção por ativos já estabelecida. Se você é um investidor organizado ou segue um plano, o trabalho de rebalancear é bem mais simples.
Infelizmente, esses comportamentos são muito comuns. Os principais fatores que contribuem para isso são a estrutura atual do mercado financeiro brasileiro (em que o conflito de interesses predomina), a falta de educação financeira e a ilusão que muitas pessoas têm de ficarem ricas investindo.
Os seis comportamentos acontecem porque a maior parte das pessoas investe sem ter um plano. Se você já possui a disciplina de poupar, é hora de dar um próximo passo. Um plano pode ser algo necessário e valioso para seu futuro financeiro, guiando suas decisões e protegendo você de reações emocionais ou incentivos distorcidos do mercado.
Identificar e reconhecer as falhas é um grande passo para que você possa caminhar em segurança rumo à construção do seu patrimônio.
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6 comportamentos financeiros que você deveria abandonar
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CEO da Vérios, a fintech que te ajuda a fazer investimentos inteligentes, de forma fácil, rentável e segura. Pode confiar. Felipe conta com mais de 12 anos de atuação no mercado financeiro, e em 2011 cofundou o site Comparação de Fundos, primeiro a dar transparência a mais de 15 mil fundos de investimento. É advogado pela USP e pós-graduado em Finanças Corporativas e Investment Banking pela FIA.